Desconstrução - Tiago Iorc

Quando se viu pela primeira vez

Na tela escura de seu celular

Saiu de cena pra poder entrar

E aliviar a sua timidez

Vestiu um ego que não satisfez

Dramatizou o vil da rotina

Como fosse dádiva divina

Queria só um pouco de atenção

Mas encontrou a própria solidão

Ela era só uma menina

Abrir os olhos não lhe satisfez

Entrou no escuro de seu celular

Correu pro espelho pra se maquiar

Pintou de dor a sua palidez

E confiou sua primeira vez

No rastro de um pai que não via

Nem a própria mãe compreendia

Num passatempo de prazeres vãos

Viu toda a graça escapar das mãos

E voltou pra casa tão vazia

Amanheceu tão logo se desfez

Se abriu nos olhos de um celular

Aliviou a tela ao entrar

Tirou de cena toda a timidez

Alimentou as redes de nudez

Fantasiou o brio da rotina

Fez de sua pele sua sina

Se estilhaçou em cacos virtuais

Nas aparências todos tão iguais

Singularidades em ruína

Entrou no escuro de sua palidez

Estilhaçou seu corpo celular

Saiu de cena pra se aliviar

Vestiu o drama uma última vez

Se liquidou em sua liquidez

Viralizou no cio da ruína

Ela era só uma menina

Ninguém notou a sua depressão

Seguiu o bando a deslizar a mão

Para assegurar uma curtida

When you saw yourself for the first time

On your cell phone's dark screen

Left the scene to enter

And relieve your shyness

Dressed an ego that did not satisfy

Dramatized the vil of the routine

as a divine gift

I just wanted a little attention

But he found his own solitude

she was just a girl

Opening your eyes did not satisfy you

Entered the darkness of your cell phone

Ran to the mirror to put on makeup

She painted her pallor with pain

And trusted your first time

In the trail of a father who did not see

Not even the mother herself understood

In a hobby of vain pleasures

She saw all the grace slip out of her hands

And she came home so empty

It dawned as soon as it fell apart

It opened in the eyes of a cell phone

Lightened the screen when entering

Removed all shyness

It fed the nudity networks

Fantasized the routine of routine

Made your skin your fate

It shattered into virtual shards

In appearances all so the same

Singularities in ruin

He entered the darkness of his pallor

Shattered your cell body

He left the scene to relieve himself

Dressed the drama one last time

Liquidated in its liquidity

It went viral at ruin

she was just a girl

Nobody noticed your depression

The band followed sliding his hand

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