Transparente - Mariza, Mario Pacheco, João Lyra

Como a água da nascente

Minha mão é transparente

Aos olhos da minha avó

Entre a terra e o divino

Minha avó negra sabia

Essas coisas do destino

Desagua o mar que vejo

Nos rios desse desejo

De quem nasceu para cantar

Um Zambéze feito Tejo

De tão cantado q’invejo

Lisboa, por lá morar

Vejo um cabelo entrançado

E o canto morno do fado

Num xaile de caracóis

Como num conto de fadas

Os batuques são guitarras

E os coqueiros, girassóis

Minha avó negra sabia

Ler as coisas do destino

Na palma de cada olhar

Queira a vida ou que não queira

Disse deus à feiticeira

Que nasci para cantar

Like spring water

my hand is transparent

In my grandmother's eyes

Between the earth and the divine

My black grandmother knew

These things of fate

The sea I see flows out

In the rivers of this desire

From who was born to sing

A Zambéze like Tagus

So sung that I envy

Lisbon, live there

I see braided hair

And the warm song of fado

In a shawl of snails

Like in a fairy tale

The drums are guitars

And the coconut trees, sunflowers

My black grandmother knew

Read the things of the destination

In the palm of each look

Want life or don't

Said god to the sorceress

that I was born to sing