Brancas e pretas C 1982 - Paulinho da Viola

Num jogo de vida e de morte

As brancas e as pretas

Sobre o tabuleiro

Ali não há golpes de sorte

Se pensam jogadas

Destino certeiro

O quadro é um mar quadriculado

Sem ondas, parado

Porém de marés

Às vezes um passo mal dado

Um lance apressado

Resulta em revés

Os reis, as rainhas e os bispos

Dominam a cena

Com seu poderio

Da torre se avista o tablado

Peões trabalhando

Por horas a fio

O meu coração anda aos saltos

Parece um cavalo

No seu movimento

Selvagem e até traiçoeiro

Vai sem cavaleiro

Tabuleiro adentro

Parceiros

Duelam paciência

Por vezes se estranham

O amor e a ciência

As pedras ali não têm limo

E mudam de rumo

Por conveniência

Ou por não acharem saída

Não rolam, se deitam

No fim da partida

In a game of life and death

The whites and the blacks

About the board

There are no strokes of luck

If think moves

sure destination

The frame is a checkered sea

No waves, stopped

But from the tides

Sometimes a wrong step

A hurried bid

Results in setback

The kings, the queens and the bishops

dominate the scene

with your might

From the tower you can see the deck

pawns working

For hours on end

My heart is jumping

Looks like a horse

In your movement

Wild and even treacherous

go without a rider

board inside

partners

duel patience

Sometimes they are strange

 Love and science

The stones there don't have any slime

And change their direction

for convenience

Or for not finding a way out

They don't roll over, they lie down

At the end of the match