Cachorro vira lata - Ney Matogrosso

Que anda sozinho no mundo

Sem coleira e sem patrão

Gosto de cachorro de sarjeta

Que quando escuta a corneta

Sai atrás do batalhão

E por falar em cachorro

Sei que existe lá no morro

Um exemplar

Que muito embora não sambe

Os pés dos malandros lambe

Quando eles vão sambar

E quando o samba já está findo

O vira-lata está latindo

A soluçar

Saudoso da batucada

Fica até de madrugada

Cheirando o pó do lugar

E até mesmo entre os caninos

Diferentes os destinos

Costumam ser

Uns têm jantar e almoço

E outros nem sequer um osso

De lambuja pra roer

E quando pinta a carrocinha

A gente logo adivinha

A conclusão

O vira-lata, coitado

Que não foi matriculado

Desta vez «virou»… sabão

Who walks alone in the world

Without a collar and without a boss

I like gutter dog

That when you hear the bugle

Leave behind the battalion

And speaking of dog

I know it exists there on the hill

A copy

That even though I don't know

The rascal's feet lick

When will they samba

And when the samba is already over

The mutt is barking

to sob

Missing the drumming

Stay until dawn

Smelling the dust of the place

And even among canines

Different destinations

usually be

Some have dinner and lunch

And others not even a bone

From licking to chewing

And when you paint the cart

People soon guess

The conclusion

The mutt, poor thing

that was not enrolled

This time «turned»… soap