Futuros Amantes - Adriana Calcanhotto

Não se afobe, não

Que nada é pra já

O amor não tem pressa

Ele pode esperar em silêncio

Num fundo de armário

Na posta-restante

Milênios, milênios no ar

E, quem sabe, então o Rio será

Alguma cidade submersa

Os escafandristas virão

Explorar sua casa

Seu quarto, suas coisas

Sua alma, desvãos

Sábios, em vão, tentarão decifrar

O eco de antigas palavras

Fragmentos de cartas, poemas

Mentiras, retratos

Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não

Que nada é pra já

Amores serão sempre amáveis

Futuros amantes, quiçá

Se amarão sem saber

Com o amor que eu um dia

Deixei pra você

Don't worry, no

that nothing is for now

 love is in no hurry

He can wait in silence

In a closet bottom

In the remaining post

Millennia, millennia in the air

And, who knows, then Rio will be

some sunken city

The divers will come

explore your home

Your room, your things

Your soul, recesses

Wise men in vain will try to decipher

The echo of old words

Fragments of letters, poems

lies, pictures

Traces of strange civilization

Don't worry, no

that nothing is for now

Lovers will always be kind

Future lovers, perhaps

They will love each other without knowing

With the love that I one day

I left it to you